quarta-feira, 5 de junho de 2013

SAIA de SAIA! Sentindo o preconceito na pele.



Relato – Saia de Saia – sentindo o preconceito na pele
      Antes de relatar minha experiência quase antropológica de tomar contato com o mais podre do ser humano que é o preconceito mascarado...CALMA! CALMA! NÃO FECHE O TEXTO AINDA! TE PEÇO APENAS 5 MINUTOS... – Neste momento, provavelmente você já deve ter visto esta foto e imoral e estranha de um japonês de saia e certamente sua cabeça já foi tomada pela automação de julgamentos: “ihhh, virou viado...”; “saia? Kkk enviadou!”; “ah lá virou hippie nesse curso de maconheiro e viado...” – mas CALMA! Esse pensamento é o normal, não é mesmo? Qual o problema nisso? Assim, antes de TUDO peço calma para ouvir algo “anormal” e que esse relato da anormalidade e de bizarrice o faça repensar um pouco o nosso modo insano de analisar e julgar a vida alheia instantaneamente – dê uma oportunidade para analisar aquilo que eu, seu amigo do facebook, seu filho, seu vizinho ou colega de sala estamos gritando: “ATENÇÃO! TEM GENTE MORRENDO POR ÓDIO ESTÚPIDO! ACORDEM! TEM GENTE MORRENDO PELO USO DE UMA SAIA” E eu garanto que a questão é um pouco mais profunda e complexa que um mero “ih, virou viado...”
      Pois bem, o motivo do relato: desde que tomei contato com a notícia do Vitor, aluno da USP que sofreu bullying por causa da saia (http://goo.gl/PU3cn)  dentro da própria universidade, quase desisti da vida. Como ainda era possível tanto ódio pela escolha de uma veste? Por que as pessoas se apegam tanto na defesa de bandeiras que nem existem verdadeiramente a elas? Se tal fato aconteceu dentro da USP, uma das bases do pensamento intelectual brasileiro dos próximos anos, alguma coisa estava errada. E por isso, meu relato: por que a experiência chocou demais, a mim e aos outros, e por isso o relato se faz justo; por que chocou de maneira negativa. Abandonar a ideia apenas na primeira parte (sair de saia por aí um único dia) é piorar o que já está ruim na medida em que posterga o preconceito e o ódio sem sentido pelo desconhecido. Não basta sair de saia, o ato simbólico de maneira isolada é perigosíssimo: se o sujeito com o qual se quer falar, já não gostava da turma da saia, ao ver o protesto isolado e sem justificativo, deve ter sentido ainda mais raiva; não foram dadas as explicações do por quê isso aconteceu, só foi forçado o encontro entre saiotes e odiosos. É natural ao outro sentir ojeriza pelo novo e é justamente por isso que se nada vier pós-protesto, a raiva se confirmará em forma de falácias – “esses bando de viado que não tem nada pra faze”: isso realmente faz muito sentido lógico pra quem nunca pensou sobre o caso e tem consigo um simplório esquema de pensamento:
*saia => mulher
*homem de saia => gay
*gay => imoral, pecador, desvia do caminho, longe de mim, etc etc etc
        Se este tipo de discurso não for desconstruído, o ato de sair de saia é negativo.  Não se deve ignorar e acreditar que vivemos em uma sociedade perfeita, e que o choque cultural causado pelo contato com um acessório tão incomum no vestuário masculino contemporâneo será positivo apenas pela sua existência em si. Isso é dar de comer aos bois; isso é irreal e ingênuo. Assim, o relato é um segundo passo, uma oportunidade de mostrar para as pessoas que o choque vem acompanhado de uma reflexão. O relato é uma forma de convencimento, é claro.

  “Saia? Eu respeito, mas longe de mim, nos outros e só”
  “E se fosse seu filho?” – perguntei, e foi esse meu primeiro diálogo após vestir a saia para aquilo que foi um dia no mínimo... estranho. 
Subindo as escada do IFCH, um dos funcionários mais simpáticos e que me cumprimenta toda manhã, baixou a cabeça, fez que não me viu. Mas naquele momento, estava tão entusiasmado com o conforto todo que esse pedaço de tecido (outrora usado por romanos, samurais japoneses, faraós egípicios e tantos outros povos) me proporcionava. Ignorei e segui.
      Ao longo da manhã, surpresa! Muitas pessoas de saia no IFCH! Isso parecia perfeito, mas não, as coisas não foram mil maravilhas. Pelo lado dos que não estavam de saia, houve diversos que aceitaram e até os que perguntaram de maneira curiosa, mas respeitosa,  o que estava havendo, quais eram os reais motivos do movimento; mas de maneira geral, olhares contidos e escondidos pelo estigma social de estarem em uma faculdade de humanas vieram a tona; vez ou outra, os cochichos se faziam ouvir propositalmente, bem como os risos e apontamentos que pareciam não corresponder em nada com a prática do Instituto. Aliás, sorrisos. Sair de saia causa uma indescritível confusão na cabeça dos outros; talvez tomados pelo choque, sorriem – um sorriso estranho, uma confusa linha tênue entre a compaixão/aceitação e o desgosto e deboche transparecidas na face do sujeito. E isso não foi isolado; por toda universidade, escutei dos de saia que sofreram dos mesmos sorrisos de choque. É de se refletir, não?
      E os que estavam de saia? Se saíram todos muito bem? Grande enganação. É claro que a incidência de manutenção do preconceito é muito menor naqueles que estavam de saia, pela óbvia abertura ao pensamento pelo ato de encararem o uso de tal vestuário. Entretanto, a ideia de que a saia está ligada e pertence exclusivamente ao universo feminino está tão enraizada no imaginário comum, que mesmo os de saia se perderam em um aspecto: a caricatura. Posavam e festavam como uma quadrilha junina invertida – tiraram fotos como se fossem homens utilizando trajes femininos. Mais uma vez a separação de gênero designado HOMEM – MULHER apareceu preso nas pessoas; e o gênero? E a ignorância e o deboche aos transgêneros?  Reforçar a caricatura é novamente manter o status quo, na medida que legitima que de fato o gênero é algo definido, estabelecido e imposto e que a partir disso, devem existir acessórios DE homem e DE mulher. Isto é uma constatação doentia, fruto de um ato sem reflexão – e simbolismo por simbolismo vira festa, desvirtua e joga no lixo a intenção de pulverizar e desconstruir por meio do convívio e da troca de informações dessa dicotomia irreal sobre os seres humanos. Um perigo!
      No almoço, o primeiro desafio:  sair do microcosmo IFCH e ir encarar e universidade de verdade, andando de peito estufado pra bancar a rejeição do outro. Entre pequenas preparações pré almoço e a fila do bandejão, contei 13 olhares daqueles diretos, que fulminam a alma. O mais enfático foi ter passado próximo a uma galera sentada na feirinha e ter de ouvir um grande cochicho: “você não tem vergonha disso não?” acompanhado de gargalhadas e deboche de um monstro. Cara, isso dói. O sentimento de diminuição perante o outro é impossível de ser ignorado; mexe e contempla a esfera de nosso ego; saber que naquele momento tudo o que eu sou é ignorado e no lugar um monstro vestido de panos nas pernas, desespera. Apavora.
      “VÁ! FAZ O QUE VOCÊ GOSTA E NÃO LIGUE PRO QUE OS OUTROS FALAM!”
Essa é uma das máximas do senso comum, que é construído tão apegado na auto-ajuda e na tirania da felicidade. Esse discurso é válido quando você é maioria e pode oprimir – quando você está do outro lado, a carga é MUITO diferente. Foi experimentando na pele que entendi finalmente a maldita ideia da coerção social – ninguém disse nada diretamente ao longo do dia, todos disfarçam, fingem tolerar, fazem de tudo para SE manterem tranquilos e enganados no papel de maioria. O ato de fingir que o preconceito não existe é uma das maiores armas para aumenta-lo; se a maioria está a favor do fingimento, está tudo ok – desse modo, é óbvio que toda carga só é sentida apenas pelo oprimido – a negatividade e o ódio são silenciosos – venenosos e com destino certo; por isso tenha a certeza: você NUNCA entenderá o desespero de uma mulher; a luta do homossexual pelos seus direitos, a dor diária de um negro. Você não entende o outro sem adentrar seu universo – por isso a verdade entre vocês é tão distante. É pelo simples fato de que verdades nunca serão absolutas e que é impossível desse modo julgar o outro sem os olhos da diversidade e do respeito mútuo. A condição para poder assumir minhas verdades deve ser necessariamente a aceitação de que elas podem ser desconstruídas pelas verdades do outro – tudo aquilo que temos para nós como verdades na verdade não pertence de maneira verdadeira a nós – é externo e socialmente adquirido. Assim, é fundamental entender que se aquilo que nos apegamos e defendemos na verdade não é nosso, é possível adquirir novas visões de mundo que caminhem cada vez mais para o uso de algo mais respeitoso ao limite do outro, algo que seja baseado próximo da racionalidade do respeito. E voltando: com a saia não é diferente.
          Os homens usam saia desde muito tempo: há relatos indícios de que sumérios já usavam  uma espécie de tecido que cobria as partes baixas; para os Romanos, era um absurdo o uso das calças, um insulto a virilidade de suas pernas;  saia nunca delimitou o universo feminino ou masculino; sempre foi além disso.
Durante a tarde, novas ocorrências se acumularam e o nível de argumentação foi fazendo cada vez menos sentido; desde “UH BARANGA” ao passar pelo Ciclo Básico próximo ao IFGW e “DECIDIU ABRIR AS PERNAS?”ouvido ali na imediações da Biologia até “viado tudo bem, mas de saia?” que li em uma postagem alheia pelo Facebook. Novamente, não estou exigindo uma sociedade perfeita de maneira imediata: eu sabia que as pessoas iam olhar, a novidade salta aos olhos, a reclamação não é essa. Mas é da forma de abordagem; transformar o sujeito num monstro aponta-lo como herege, fingir que o sujeito não existe... é disso que estou falando. E é disso que você não entende.
       E aí, a auto covardia: em apenas um dia de saia, o dilema do ponto de ônibus – ter de encarar a rua e a cidade depois da repressão e dos olhares somados ao desejo negativo reprimido em sociedade mas desejado individualmente contra nós de saia, me fizeram desistir. Eu admito, não tive coragem e fui acovardado de encarar a “vida real” – a pressão é grande e o risco ainda maior. Não era pra ser assim. Não PODE ser assim! Naquele momento, me deixaram com vergonha de mim mesmo. Pela única condição de defender uma causa da minoria, os olhares te pulverizam em coerção tamanha que a inversão é certeira: o errado ali era eu. Errado por usar saia; errado por que posso ter feito tudo de certo na vida, mas naquele momento, eu era um homem de saia. Errado por atentar contra os olhos de uma maioria que se julga no direito de determinar certo e errado. Errado por existir diferente dos outros. Por um segundo, me senti realmente errado, pecador e imoral; – preconceito mascarado é mais forte que magia negra, meus amigos. E isso foi só um dia pra mim. Vê a importância do debate? Vê como a questão é muito mais do que uma simples festa e um ato simbólico pode ser muito mais que representativo em força do que algazarra aos olhos do outro?
       Eu, que sempre fui invisível na universidade, virei o centro de depósito de ódio alheio. As pessoas parecem pouco se importar com o desejo negativo aquilo que não as agrada; quando o sujeito assume a posição superior de dominação de cultura, o respeito e o entendimento da diversidade são simplesmente esquecidos. E isso acontece todo dia: pense que a sua atitude de preconceito é isolada apenas pra ti; para aquele que o recebe, as fontes são diversas e diárias e o sentimento de inferioridade é alimentado a todo o momento no imaginário do sujeito. “Ah, mas isso é coisa da nossa cult....” CALA A BOCA! PARE DE DEFENDER QUE A NOSSA ISSO OU A NOSSA AQUILO! – aceitar a cultura como puramente estática, universal e imutável é legitimar culturas passadas absurdas – pense, por exemplo, que a escravidão negra já foi cultural bem como a cultura da Inquisição e da fogueira. Não é difícil desconstruir a ideia de que a existência da cultura parte da premissa básica de sua mutabilidade e alteração constante com o passar do tempo. Aliás, vou simplificar com um exercício mental bastante útil: volte 200 anos na história e analise as grandes práticas culturais do período de 1813 (escravidão, sociedade patriarcal e submissão da mulher, etc...) – agora veja como é fácil destruir esse tipo de pensamento comum e único em verdade para aquela época e note como ele parece mesquinho, ingênuo e até bem idiota para o nosso padrão de sociedade atual.  Vê como a cultura se altera? Vê como aquilo que você defende é relativo e não pertence a ti? Faça uma autoanálise: será que aquilo que você defende e prega com ódio tanto fervor, não terão as mesmas significâncias idiotas que a escravidão daqui a 200 anos?
  Por isso que deixo o desafio: SAIA de SAIA! Encare o lado do odiado e não do odioso; experimente a sensação de ter um encontro prazeroso com o mais baixo do ser humano – quem sabe assim um dia vocês entendem que nós continuamos os mesmos seres seja de saia, sem saia, de shorts ou­ desnudo. Da minha parte, a luta por essa compreensão, continua.


domingo, 17 de junho de 2012

E agora? A vida segue. Uma simples ida ao supermercado me mostrando o lixo da sociedade.




     Domingo, 19h30. Tudo o que eu não fazer era ir ao supermercado. Mas, por motivos de forças maiores, precisei vencer o ócio dominical de um cidadão lixo de classe média para encarar a magia do supermercado. Como não tenho carro, e as compras estavam apenas a 10 minutos de minha casa, decidi ir andando mesmo. Faz bem a saúde. Recomendação do Dr. Dráuzio. Falou lá no Fantástico. Para chegar até lá, tive de passar por uma avenida bastante movimentada de Campinas e, portanto, como qualquer avenida que se preze, vi pelo caminho o que todos nós, cidadãos de bem da classe média alienada vemos: carros de som tocando a mais pura cultura do funk carioca, cultos evangélicos, igrejas rezando missa, senhoras de meia idade fazendo caminhada, e um senhor de classe baixa desfalecido no chão sangrando no meio fio a mercê dos carros que por ali passavam. O quê? Um senhor desfalecido no meio da rua? Exato. Mas, como bons cidadãos que somos, todos ali estavam prestando socorro, certo? NÃO!
     Exatamente, ninguém que passava pelo senhor deu o mínimo de atenção para o fato. Afinal de contas, pagamos nossos impostos como belos cordeiros, trabalhamos como escravos 5 dias por semana, e domingo não é dia de se preocupar com o próximo, não é mesmo? Ainda mais quando o próximo é um senhor de barba e mal vestido. Ou se você preferir distinguir... um mendigo qualquer. Como se aquele senhor fizesse parte da paisagem maravilhosa de uma grande cidade, as pessoas olhavam para baixo, com asco inicial inerente à todos que tem algum senso e coração, mas logo no próximo momento, continuavam seus afazeres fingindo que o mundo é lindo, belo e que nosso Brasilzão só vai pra frente! Pra frente Brasil! Pra frente! Pagando nossos impostos e seguindo os ensinamentos do nosso senhor, tudo vai dar certo! Amém! Amém!
     Perplexo com tudo isso, perguntei para o taxista se ele ou algum outro f̶i̶l̶h̶o̶ ̶d̶a̶ ̶p̶u̶t̶a̶   motorista poderiam fazer algo, e qual a resposta que obtive? “Eu? Tô fora meu amigo, não vou me meter com encrenca não, ele é quem se vire. Não fui eu quem desmaiei” Eu, na minha inocência, acreditei que as pessoas ligavam para as outras. Levar em consideração um mendigo desfalecido?  Santa inocência juvenil Batman!
     Deparei-me com um cenário bizarro e diário de uma grande metrópole. Assim, decidi que o mais correto, segundo a minha moral, era liga para o corpo de bombeiro ou o SAMU. Eu, um estudante qualquer, simpatizante da nojenta esquerda política, que tem  afeições com aqueles que comem criancinhas... sabe? Aqueles cara que a Veja te disse amigo, não lembra não?  Então, fui eu, o maconheiro da universidade pública, o vagabundo que gasta seu dinheiro estudando, segundo julgam as pessoas, o jovem lixo que sonha com uma sociedade um pouco mais justa, fui eu quem liguei na tentativa de socorrer uma pessoa. Veja só, uma PESSOA. SER HUMANO. Não um mendigo, não um senhor, não um bêbado. Uma PESSOA. E o que ouvi do corpo de bombeiros? “Não podemos gastar ambulância com qualquer um, se não foi ele o autor da ligação, e ele não consegue acordar para dizer que quer ser levado por nós, entendo seu ponto, mas estou seguindo regras e não posso fazer nada. Obrigado pela ligação” E agora? A vida segue.
     Quando eu era criança, minha mãe ensinou que o egoísmo não era bom. Que eu devia me importar com o próximo, que a sociedade é feita de ajudas, e de que eu devia procurar ser sempre uma pessoa boa. Diz que foi um tal de Jesus que disse isso pro padre, que disse isso pras pessoas, que disseram isso pra minha mãe. Ela acreditou e me contou.  E o que eu vejo? Um senhor perto da morte agonizando na calçada como tantos senhores agonizam todos os dias, os cultos, as missas, os impostos em dia e a vida continuando, como se nada tivesse acontecido. Muito obrigado, sociedade. A vida segue.

                                        Kenji - um estudante qualquer de uma cidade qualquer.  17.06.2012

terça-feira, 12 de junho de 2012

Para um amigo. TOP 5 Post-Rock



Recomendo aqui as bandas de post-rock que eu mais gosto. Estão todas separadas em ordem de preferência e indicações de música.
Isto era apenas um post pessoal para um amigo que quer começar ouvir mais bandas de Post-Rock mas pode ser utilidade pública para todos.  Então aqui vai o Ctrl C + Ctrl V para o Blog. BOA BRIZA!


1 - Explosions in the Sky (USA): Minha favorita. A dica da vida é escutar essa banda em slow motion, colocando a reprodução do media player em 0,7x de velocidade. HAHAH, a briza é ainda maior.
Melhor música: Your hand in mine
http://www.youtube.com/watch?v=JzIK5FaC38w
Meu cd favorito: The earth is not a cold dead place.
http://thepiratebay.se/torrent/3305456/Explosions_in_the_Sky_-__Earth_Is_Not_a_Cold_Dead_Place_(2003)

2- Sleep Party People: É uma das mais piradas que já ouvi. Com vocal, dá pra gastar várias horas com os coelhos do post-rock.
Música favorita: Im not human at all
http://www.youtube.com/watch?v=RuLCPYLHR9o
Cd: Sleep Party People
Link pra download dos dois discos do Sleep Party People http://bit.ly/L2ekSD  e http://bit.ly/L2epWq .

3- Mono(Japão): o piano dá um toque especial de leveza ao som que é muito belo, acima de tudo.
Música favorita: Pure as Snow
http://www.youtube.com/watch?v=Yw1I-62cTLw
Cd favorito: Hymn to the Immortal Wind
Torrent:
http://thepiratebay.se/torrent/4708128/MONO_-_Hymn_To_The_Immortal_Wind_(advancecopy)_[2009]

4- Mogwai(Escócia): Mogwai é uma das mais expressivas dentro do Post-Rock(ao lado das lindas God is An Astrounaut e Sigur Rós, que não estarão aqui mas vale a pena você ouvi-las)
Música favorita: You're Lionel Richie http://www.youtube.com/watch?v=GFm1j0R8lko
Cd Favorito: Hardcore Will Never Die, But You Will
Torrent: http://thepiratebay.se/torrent/6074991/Mogwai_-_Hardcore_Will_Never_Die...[mp3-320-2011][trfkad]

E pro Brasil não ficar de fora:
5- Constatina - BRASIL - Indicação do Pedro  - também acabei de conhecer. E estou gostando bastante, aqui vão as indicações dele!
Música Favorita: Pequenas Embarcações
Cd favorito:Haveno
Download: http://constantinamusic.bandcamp.com/album/haveno

Seja feliz e se gostar corra atrás de mais bandas (:

domingo, 14 de agosto de 2011

Marcha dos pinguins em Santos surpreende moradores e turistas

           Manifestantes chegaram em orla por volta das 11h

De acordo com a PM, evento que reuniu pinguins e populares e seguiu de forma pacífica. 



Na última quarta-feira(16), ocorreu na cidade de Santos, litoral norte do estado de São Paulo, um fato inédito e muito curioso: “A marcha dos pinguins.” Com a crescente do número de marchas e manifestações públicas e “inspirados” no filme homônimo, a caminhada inusitada reuniu segundo dados da Polícia Militar, todas os dezesseis pingüins do Aquário Municipal da Baixada Santista e, de acordo com biólogos, o protesto teria ocorrido após a mudança do tipo de peixe servido nas refeições diárias dos animais.                                                     
 Apesar de exótico, o fato é bastante plausível e lógico, como explicita o biólogo Felipe Tuon, responsável pelo adestramento dos protestantes: “Os pinguins são mamíferos muito inteligentes e têm uma capacidade lógico-cognitiva fantástica. Quando trocamos o salmão por pescado fizeram greve de fome, mas não imaginávamos a seriedade da situação”.
 Felipe afirma ainda que os pinguins foram submetidos a testes de inteligência no qual foram transmitidos diversas vezes o filme “Happy Feet” e o documentário “Marcha dos pingüins” e, segundo ele, isto pode ter influenciado os animais.
  Em poucos minutos, os organizados animais chamaram a atenção de populares que caminhavam próximos à orla da praia e que acabaram se juntando ao protesto para fotos e arruaça. “É ótimo mostrar para meus filhos que até os animais podem ficar insatisfeitos e lutar pelos seus direitos” declarou Ruth Lemos, vendedora ambulante que passeava com os filhos no momento da marcha. Em nota, a prefeitura informou que os animais já foram encaminhados para seu habitat artificial e que já estão sendo abertas licitações públicas de
concorrência para a devida reposição das refeições.

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Proposta de redação - 
Observe com atenção a fotografia. Em seguida, escreva uma notícia que seria ilustrada por essa fotografia e que teria sido públicada em um jornal de grande circulação.  
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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Os devaneios escritos duma menina quase. Mulher.


  Pela sala os livros jogados como se ali não houvesse alma viva há anos; estavam arranjados de tal maneira tão desarranjada que mal era possível estarem naturalmente feitos; e naquele instante, os livros jogados, pareciam definir todo o resto do mundo: Uma menina, largada ao mundo.  
E como menina, refletia. Despertara de horas de sono, com sentido a incrível sensação de ressaca sexual; a noite passada deveria ter sido uma daquelas noites na qual o amanhecer é só parte inútil de toda trama. Não se lembrava. Esquecera de tudo pela manhã, as últimas memórias da noite remetiam a um tal de Felipe Encantado que conhecera na noite anterior, um grito de boa noite e de muitos, muitos copos de vinho tinto português. “Mas como fora parar em meu quarto? E por que, por que é que o apartamento estava assim, tão desajeitado?” pensava, ainda largada no sofá da sala. A útlima vez que isso acontecerá foi quando ela e mais duas amigas se acabaram comemorando o primeiro emprego de uma delas; todavia, aquilo havia ocorrido há anos, quando ainda era apenas uma menina na cidade grande. 
 Levantou-se, ajeitou o cabelo como se aquilo fizesse alguma diferença e caminhou em direção a cozinha para preparar o café, um de seus maiores vícios, e ver se conseguia ao menos momentaneamente apagar todos os pensamentos possíveis sobre a noite anterior. “ Correspondência para a senhorinha!” exclamou uma voz próximo à porta do apartamento. “Já estou indo” respondeu meio estranha a sucessão de fatos incomuns do aparamento cento e dezesseis.
 Abriu a porta, e a sua frente, ninguém houve de estar, nem ali e nem em toda extensão do longo corredor do luxuoso Edíficio Clarice Lispector. Olhando para baixo, um pacote. Um pacote grande, de papel pardo, muito antigo; daqueles de filme antigo ou de governo americano, normalmente com as inscrições “CONFIDENCIAL”. No pacote dela, as escritas eram outras: “A NOITE ANTERIOR E TODAS AS O-U-T-R-A-S –N-O-I-T-E-S” leu pausadamente, e aterrorizada com o tal do documento. A primeira reação foi de estarrecimento, “O que está havendo? De quem é este documento? Por que eu não consigo me lembrar das noites anteriores?” E os pensamentos novamente tomaram a sua cabeça; não conseguia entender um sequer ato do que havia acontecido naqueles últimos instantes.
A manhã virou tarde, tarde fria, que caiu em noite confusa, horas de madrugada a dentro, e um dia todo. Deste dia, dois, e depois três deles, apenas deitados à cama a pensar, o que havia acontecido naquela manhã. Se ela ainda se lembrava de algo, era de quem poderia ficar ali quantos dias quisesse, era férias. O escritório de arquitetura não abriria até o ínicio de fevereiro.
E continuava ali, deitada na cama. Isso por que, não havia nem aberto o tal do pacote misterioso. Mal se lembrava deste fato e fora só quando conseguiu ficar novamente em pé, depois de dias sem se levantar, avistou o pacote e tomou aquela que fora a decisão mais difícil de toda sua vida(naquela semana): O pacote seria aberto de uma vez por todas. O medo tomara lugar novamente a sua atitude impulsiva de abrir o bendito pacote. Mas como cada dia mais lembrava menos dos dias anteriores, abrir o pacote ou não poderia ser questão definidora de sanidade. 
 Sendo assim, ficar parada, pelo menos naquele momento, não lhe apetecia como boa escolha, e abrir o pacote era questão de tempo, preparou todo o ritual para tal fato. Limpou a casa, cada cômodo, lustrou os móveis, encerou o chão, os dois banheiros, tudo conforme mandava o ritual de mulher, e que bem se lembrava de ter feito por tantos anos. Tomou um banho, talvez o banho mais longo de toda sua vida. Enquanto ensaboava minuciosamente cada parte de seu corpo, pode refletir, agora muito mais calma, tudo aquilo que havia acontecido, ou que poderia estar para acontecer. Não chegou a conclusão alguma; colocou a melhor roupa; na vitrola, um LP muito antigo de Toquinho, presente de seu falecido pai, e que fora parte de toda sua infância. Estava tudo pronto. E esteve. E esteve.
 Como era de se esperar, fez charme para si própria por mais alguma horas, dançou, cantarolou, conversou em voz alta consigo própria, e como se disfarçasse que aquele pacote estava sendo aberto, no meio de uma música, abriu. Abriu, e leu. Leu, leu, e releu. E continuou dançando junto do pacote em suas mãos como se nada tivesse acontecido; dançou, e dançou até o quarto, onde pode ouvir ainda baixinho o Violão de Toquinho que agora tocava “O Caderno” na sala, arrumou toda a mala muito rapidamente, e cantarolando os últimos versinhos da música que ouvira desde pequena. Com a mala e o pacote novamente fechado em mãos , abriu a porta de casa, deu os primeiros passos, e saiu. Saiu. E nunca mais voltou. E o LP que continuava a tocar quando ela saiu de casa ecoou para sempre aqueles versos nostálgicos na parede do apartamento 116 do Edíficio Clarice Lispector.  

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Algumas pessoas que eu já mostrei o conto, vieram me pergunta: O QUE TEM NESTE MALDITO PACOTE? 
Bem, apesar do título DEVANEIOS DUMA MULHER, os devaneios na real, são meus.Quando escrevi este conto, não tinha em mente nenhum final, eram apenas coisas jogadas num pedaço de papel, e todas as coisas que aconteceram com  a protagonista foram escritos de forma toda aleatória para mim, ou seja, como se alguém ou a própria protagonista ditasse em meu ouvido o que havia acontecido, eu fui apenas relatando os fatos, logo, eu também não sei o que há neste pacote. E pra vocês, O QUE HÁ NO MALDITO PACOTE? Qual é a tese de vocês? Eu quero saber de verdade, por que também fiquei curioso. 

Até um dia terráqueos.

sábado, 13 de novembro de 2010

Duas mariolas e um cigarro iolanda.

     "Quando deus fez o homem, quis fazer um vagulino que nunca tinha fome, e que tinha no destino, nunca pegar no batente e viver forgadamente." Foi assim que João Rubinato levou toda sua vida boemia na terra da garoa. É bem verdade que talvez o João ninguém conheça de verdade, afinal nem o próprio se julgava João, mas o imortal Adoniran Barbosa certamente você já cantarolou. 
     O sétimo filho dos italianos Ferdinando e Ema Rubinato nasceu em Valinhos aos 06 de Julho de 1910; entretanto fora sempre paulista nato do Bexiga e do Brás, Joãozinho era menino levado e nunca gostou muito de estudar, e mesmo auxiliado por seu pai Ferdinando a seguir as artes do direito e da medicina, foi nas ruas que o filho do Seu Rubinato decide: quer ser artista. Tenta de várias maneiras, no palco, nos rádios, mas é sempre rejeitado. E é em uma dessas que João ouve de um dono de rádio paulistana, a frase que mudaria sua vida: "Você é bom, mas como João, perdão, não vai dar certo não!" 
     Nasce assim Adoniran Barbosa, o sambista aprendiz das ruas, decide se dedicar integralmente a música no começo da carreira, e vai aos poucos conquistando espaço nas rádios cantando belas interpretações do sambista carioca Noel Rosa. E Adoniran vivia assim assim – interpretando sambas e como ator radiofônico. Mas, o mestre queria mais. E conseguiu.
     Nos anos 40, Adoniran continua lutando por uma vaga gloriosa no mundo dos rádios, e conhece a pessoa mais importante para sua vida artística, o roteirista e amigo Osvaldo Moles. O roteirista enxergando em Adoniran o que outros tantos ainda não viam, dá a Adoniran papéis maravilhosos, como o grande Zé Conversa, e o eterno Charutinho, sucesso absoluto nos rádios de São Paulo, no programa “História das Malocas”. No cinema interpretou “Os cangaceiros” filme de Lima Barreto, que inclusive concorreu ao Festival de Cannes, em Paris.
Casado duas vezes, Adoniran vive duas fases amorosas: a do primeiro casamento que é fruto de sua única filha, Maria Helena, e o segundo, que será finalmente o grande amor de sua vida, Matilde. Fora em uma das apresentações de teatro que o sambista conhece a esposa  que será de onde Adoniran tirará inspirações durante toda sua vida para belos sambas, como “Prova de Carinho” e “Jogue a chave”.
 Os sambas da época exploravam tom elevado das letras, a elevação da arte, a linguagem distante da origem dos menos favorecidos; Adoniran na contramão, brincava com a linguagem do povo – do engraxate, do favelado, “falar como o povo fala: nois fumo, peguemos, despois."     dizia Adoniran. para a eternidade do samba, “Trem das Onze” o “Samba do Italiano” “Saudosa Maloca” são só alguns sucessos dos muito que os  “Demônios da Garoa” eternizaram na história da música brasileira. Adoniran sempre foi um homem muito brincalhão, mas que cumpria o que dizia, demorasse o tempo que fosse demorar. O samba do Arnesto por exemplo, uma promessa ao amigo “Ernesto” que Adoniran insistia em dizer “Seu nome não é Ernesto não, seu nome dá samba, seu nome é Arnesto”.E assim, em 1955, 17 anos depois da conversa no bar, que Ernesto em sua casa ouvindo o rádio ouviu os inesquecíveis versos: "O arnesto nos convidou, prum samba ele mora no Brás..." Ernesto gritou pra sua mulher Alice, "Ô mulher, essa peteca é minha!E não é que o danado do Adoniran fez o samba pra mim?"
     Em 1967, Adoniran recebe uma das piores notícias de sua vida: o suícidio de seu eterno amigo Osvaldo Moles. Este fato deixa o paulistano extremamente abalado, e deixando a música um pouco de lado, Adoniran se dedica a um sonho de infância: a construção de brinquedos; era somente assim que deixava um pouco de lado a tristeza por ter perdido o grande amigo.
     Apesar de continuar ganhando muitos prêmios de importância para a música brasileira do século 20, Adoniran já não tinha mais forças para comemorar e mal saía de casa. Diagnosticado com enfisema pulmonar devido aos cigarros fumados durante toda vida boêmia Adoniran é internado. Aos 18 de abril de 1982, o gênio bem humorado do samba morre aos 72 anos idade nos braços de Matilde. Neste dia, São Paulo chorou com a ida de um pedaço de sua história. Isto é só um resumo da vida e obra deste grande representante do povo, deste homem que ficará pra sempre na memória de todos, por que Adoniran é feito homem que não morre jamais.
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 Há horas que o coração quem comanda a mão que escreve, e a história não exige pensamento, apenas sentimento. Fora assim que construí o texto de um dos brasileiros que mais admiro na música. Não me pergunte por que gosto de Adoniran, por que isso não sei responder. Só sei que esse é mais um dos muitos brasileiros que provam mais uma vez, a ignorância do discurso que fala " BRASIL SÓ TEM LIXO, BRASIL É UM INFERNO, NADA PRESTA NESSE PAÍS, SÓ PRAIA E MULHER GOSTOSA'. Aqueles que assim o dizem, deveriam no mínimo, morrerem atropelados por um ônibus. Mas assim, bem no mínimo. 
 Enfim, fora só um desabafo. Adeus. 





quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O recado de um sehor desesperado.

 Favor encaminhar para Dona Elenice, da casa 11,
                Boa tarde Dona Elenice, tudo bem com você? Bem, estou relatando esse meu problema assim escrito para deixar em papel passado uma situação que eu não agüento mais! Sou o Lauro Hamasaki, da casa 18 e já moro neste condomínio já vai fazer quase 30 anos; por isso, tenho uma relação de muito carinho por todo o condomínio, só que meu caso virou constrangedor aqui dentro. Você sabe que não sou de arrumar confusão e sempre procurei cumprir as regras do condomínio pagando minhas contas em dia e é por isso que eu tenho direito de recorrer a você, síndica de nosso condomínio.
                Você deve ter percebido que, há mais ou menos três meses, a casa 19 recebeu um novo morador, o jovem Helton. No começo, ele se comportou muito bem, e até estranhei um modo tão tranqüilo de agir para alguém dessa idade tão juvenil. E eu estava certo dos meus sentimentos viu? Há mais ou menos um mês o Helton insistia em trazer seus amigos quase sempre e, fazendo a maior barulheira até altas horas mais que o permitido. Aí, eu ignorei, já que meus quatro filhos já moraram comigo e sei o que é ser jovem (Hoje, todos eles crescidos, benção de Deus).
                Fui extremamente paciente até que, há mais ou menos vinte dias, ele decidiu passar de seus limites: passou a trazer à namorada todas as noites e trans-                                                                                           formar a minha vida e de minha esposa uma bagunça! Deus que me livre de dizer isso, mas até para um senhor bem vivido no alto de meus 70 anos de idade é muito vergonhoso contar essas histórias de namorado, para você entender preciso escrever, não é?Pois é. Helton fica a noite inteira ouvindo sertanejo universitário com sua amada ( descobri que é esse o nome )! Estar amando até tudo bem nesta idade, mas esse tipo de música não agüento! Já tentei de tudo Dona Elenice: Remédios, fones de ouvido, dormir ouvindo rock, mas Helton não sabe parar! Para você ter uma idéia dona, já é a terceira iou quarta noite que sonho com este tal de “Meteoro da paixão” me perseguindo onde vou!Isso sem contar nos leilões que meu coração já sofreu e continua sofrendo.
                Por isso, imploro a você, como síndica que tome as providências cabíveis urgentes, ou se não terei de levar o caso a justiça! Um conciliador igual ao do Fantástico resolveria? Estou desesperado. Ficarei no aguardo mais do que imediato.
              De um morador desesperado,
                         L.H.K



Proposta: Imagine-se um morador de um condomínio qualquer que está passando por problemas com seu vizinho. Escreva uma carta para o síndico do condomínio relatando o problema e exigindo alguma atitude. GÊNERO UNICAMP


 Não há mais tempo nem para transcrever para a internet as insignes obrigatoriedades; acredito que umas 5 ou 6 estão prontinhas e com notas entregues apenas esperando o momento de virarem virtuais, mas o tempo é escasso. Enfim, até um dia.