domingo, 14 de agosto de 2011

Marcha dos pinguins em Santos surpreende moradores e turistas

           Manifestantes chegaram em orla por volta das 11h

De acordo com a PM, evento que reuniu pinguins e populares e seguiu de forma pacífica. 



Na última quarta-feira(16), ocorreu na cidade de Santos, litoral norte do estado de São Paulo, um fato inédito e muito curioso: “A marcha dos pinguins.” Com a crescente do número de marchas e manifestações públicas e “inspirados” no filme homônimo, a caminhada inusitada reuniu segundo dados da Polícia Militar, todas os dezesseis pingüins do Aquário Municipal da Baixada Santista e, de acordo com biólogos, o protesto teria ocorrido após a mudança do tipo de peixe servido nas refeições diárias dos animais.                                                     
 Apesar de exótico, o fato é bastante plausível e lógico, como explicita o biólogo Felipe Tuon, responsável pelo adestramento dos protestantes: “Os pinguins são mamíferos muito inteligentes e têm uma capacidade lógico-cognitiva fantástica. Quando trocamos o salmão por pescado fizeram greve de fome, mas não imaginávamos a seriedade da situação”.
 Felipe afirma ainda que os pinguins foram submetidos a testes de inteligência no qual foram transmitidos diversas vezes o filme “Happy Feet” e o documentário “Marcha dos pingüins” e, segundo ele, isto pode ter influenciado os animais.
  Em poucos minutos, os organizados animais chamaram a atenção de populares que caminhavam próximos à orla da praia e que acabaram se juntando ao protesto para fotos e arruaça. “É ótimo mostrar para meus filhos que até os animais podem ficar insatisfeitos e lutar pelos seus direitos” declarou Ruth Lemos, vendedora ambulante que passeava com os filhos no momento da marcha. Em nota, a prefeitura informou que os animais já foram encaminhados para seu habitat artificial e que já estão sendo abertas licitações públicas de
concorrência para a devida reposição das refeições.

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Proposta de redação - 
Observe com atenção a fotografia. Em seguida, escreva uma notícia que seria ilustrada por essa fotografia e que teria sido públicada em um jornal de grande circulação.  
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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Os devaneios escritos duma menina quase. Mulher.


  Pela sala os livros jogados como se ali não houvesse alma viva há anos; estavam arranjados de tal maneira tão desarranjada que mal era possível estarem naturalmente feitos; e naquele instante, os livros jogados, pareciam definir todo o resto do mundo: Uma menina, largada ao mundo.  
E como menina, refletia. Despertara de horas de sono, com sentido a incrível sensação de ressaca sexual; a noite passada deveria ter sido uma daquelas noites na qual o amanhecer é só parte inútil de toda trama. Não se lembrava. Esquecera de tudo pela manhã, as últimas memórias da noite remetiam a um tal de Felipe Encantado que conhecera na noite anterior, um grito de boa noite e de muitos, muitos copos de vinho tinto português. “Mas como fora parar em meu quarto? E por que, por que é que o apartamento estava assim, tão desajeitado?” pensava, ainda largada no sofá da sala. A útlima vez que isso acontecerá foi quando ela e mais duas amigas se acabaram comemorando o primeiro emprego de uma delas; todavia, aquilo havia ocorrido há anos, quando ainda era apenas uma menina na cidade grande. 
 Levantou-se, ajeitou o cabelo como se aquilo fizesse alguma diferença e caminhou em direção a cozinha para preparar o café, um de seus maiores vícios, e ver se conseguia ao menos momentaneamente apagar todos os pensamentos possíveis sobre a noite anterior. “ Correspondência para a senhorinha!” exclamou uma voz próximo à porta do apartamento. “Já estou indo” respondeu meio estranha a sucessão de fatos incomuns do aparamento cento e dezesseis.
 Abriu a porta, e a sua frente, ninguém houve de estar, nem ali e nem em toda extensão do longo corredor do luxuoso Edíficio Clarice Lispector. Olhando para baixo, um pacote. Um pacote grande, de papel pardo, muito antigo; daqueles de filme antigo ou de governo americano, normalmente com as inscrições “CONFIDENCIAL”. No pacote dela, as escritas eram outras: “A NOITE ANTERIOR E TODAS AS O-U-T-R-A-S –N-O-I-T-E-S” leu pausadamente, e aterrorizada com o tal do documento. A primeira reação foi de estarrecimento, “O que está havendo? De quem é este documento? Por que eu não consigo me lembrar das noites anteriores?” E os pensamentos novamente tomaram a sua cabeça; não conseguia entender um sequer ato do que havia acontecido naqueles últimos instantes.
A manhã virou tarde, tarde fria, que caiu em noite confusa, horas de madrugada a dentro, e um dia todo. Deste dia, dois, e depois três deles, apenas deitados à cama a pensar, o que havia acontecido naquela manhã. Se ela ainda se lembrava de algo, era de quem poderia ficar ali quantos dias quisesse, era férias. O escritório de arquitetura não abriria até o ínicio de fevereiro.
E continuava ali, deitada na cama. Isso por que, não havia nem aberto o tal do pacote misterioso. Mal se lembrava deste fato e fora só quando conseguiu ficar novamente em pé, depois de dias sem se levantar, avistou o pacote e tomou aquela que fora a decisão mais difícil de toda sua vida(naquela semana): O pacote seria aberto de uma vez por todas. O medo tomara lugar novamente a sua atitude impulsiva de abrir o bendito pacote. Mas como cada dia mais lembrava menos dos dias anteriores, abrir o pacote ou não poderia ser questão definidora de sanidade. 
 Sendo assim, ficar parada, pelo menos naquele momento, não lhe apetecia como boa escolha, e abrir o pacote era questão de tempo, preparou todo o ritual para tal fato. Limpou a casa, cada cômodo, lustrou os móveis, encerou o chão, os dois banheiros, tudo conforme mandava o ritual de mulher, e que bem se lembrava de ter feito por tantos anos. Tomou um banho, talvez o banho mais longo de toda sua vida. Enquanto ensaboava minuciosamente cada parte de seu corpo, pode refletir, agora muito mais calma, tudo aquilo que havia acontecido, ou que poderia estar para acontecer. Não chegou a conclusão alguma; colocou a melhor roupa; na vitrola, um LP muito antigo de Toquinho, presente de seu falecido pai, e que fora parte de toda sua infância. Estava tudo pronto. E esteve. E esteve.
 Como era de se esperar, fez charme para si própria por mais alguma horas, dançou, cantarolou, conversou em voz alta consigo própria, e como se disfarçasse que aquele pacote estava sendo aberto, no meio de uma música, abriu. Abriu, e leu. Leu, leu, e releu. E continuou dançando junto do pacote em suas mãos como se nada tivesse acontecido; dançou, e dançou até o quarto, onde pode ouvir ainda baixinho o Violão de Toquinho que agora tocava “O Caderno” na sala, arrumou toda a mala muito rapidamente, e cantarolando os últimos versinhos da música que ouvira desde pequena. Com a mala e o pacote novamente fechado em mãos , abriu a porta de casa, deu os primeiros passos, e saiu. Saiu. E nunca mais voltou. E o LP que continuava a tocar quando ela saiu de casa ecoou para sempre aqueles versos nostálgicos na parede do apartamento 116 do Edíficio Clarice Lispector.  

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Algumas pessoas que eu já mostrei o conto, vieram me pergunta: O QUE TEM NESTE MALDITO PACOTE? 
Bem, apesar do título DEVANEIOS DUMA MULHER, os devaneios na real, são meus.Quando escrevi este conto, não tinha em mente nenhum final, eram apenas coisas jogadas num pedaço de papel, e todas as coisas que aconteceram com  a protagonista foram escritos de forma toda aleatória para mim, ou seja, como se alguém ou a própria protagonista ditasse em meu ouvido o que havia acontecido, eu fui apenas relatando os fatos, logo, eu também não sei o que há neste pacote. E pra vocês, O QUE HÁ NO MALDITO PACOTE? Qual é a tese de vocês? Eu quero saber de verdade, por que também fiquei curioso. 

Até um dia terráqueos.