segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ser para ter, ou ter para...ter?



  Um dos maiores e mais constantes percalços que permeiam a criatura humana provém da dificuldade em se estabelecer uma harmoniosa balança entre o estado de “ter” e “ser”.À prova disso, ao recorrer a história, encontram-se inúmeras teorias perante as posses individuais e a contrariedade do homem segundo a moral de um ser onipresente dito “Deus”; e apenas Deus, uma entidade acima de todas outras possíveis coisas existentes ou não.
   Assim sendo, a noção entre estes dois opostos é frequentemente associada a noção de Felicidade. De acordo com a filosofia clássica, a “eudaimonia”(felicidade), era a razão entre os bens acumulados pelo auto-esforço, e a tranquilidade ligada ao bem estar individual. Ou seja, o “ter” além de já estar atrelado a noção inicial, fazia parte também da definição do que era necessário à época para ser feliz, ou ainda, estar feliz. Nos tempos contemporâneos, devido aos adventos tecnológicos e a sociedade capitalista de cunho liberal, a felicidade defini-se puta a simplesmente pela  vontade de ter o máximo de bens possíveis, apenas pela atitude pífia de possuí-los.
 É fato que, o consumo é algo natural as atitudes do homem e em certo ponto é até saudável a sobrevivência, uma vez que, nutre além do básico, alimenta um pouco do ego. O cume deste consumo porém, dá-se quando deixar de ser consumo para o bem e transforma-se em “consumismo”; ou seja, a sensação do ter é doentia e sem fim,  sendo exercida apenas para ostentação, ou para gerenciar o que é chamado de “status”. A alienação e a angustia que levam a tal fato é dada pela ausência de auto-contato, o sujeito não se conhece mais, e sua única razão lógica, é a razão dos outros a sua volta.  Além disso, a ânsia pelo possuir truculento, do consumo para “inglês ver” é tão exacerbado que abandona-se por exemplo, o uso de expressões “sinto sono” “sinto ciúmes” “sinto amor” e sim, “tenho amor”, “tenho ciúmes” ou “tenho sono”. Ainda assim, esta atitude não é completamente condenável, já que a sociedade tem as regras ditadas a partir das somas individuais e estar atitudes voltam imediatamente como regras a cada ser.
  Logo, o ser humano que é um eterno insatisfeito por excelência, tende ou, “têm-de” a perceber que ultrapassou a linha tênue para o equilíbrio do ter perante o ser. Percebendo aos poucos esta atitude, há de se aproximar de si, e usufruir do ter como parte do ser, elemento componente da ópera humana, e não a batuta guia do maestro. E somente assim, perceber que ser feliz e estar feliz é sim, bem possível. 

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